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Mostrando postagens de março, 2023

Ivete, por Polar

Você é uma parte muito interessante de nós. Uma parte que ficou durante anos adormecida, esperando o seu momento de entrar na avenida. E como num desfile de escola de samba, você canta, dança e passa contando histórias e cativando corações.  É daqueles seres que, apesar de ser um pavão, consegue ser discreta e elegante. Você chega em qualquer ambiente e se sente em casa; não por folga ou desleixo, mas porque você simplesmente encaixa.  Você sobe o morro para ver o seu bandidinho mau-caráter, o seu bad boy ; entrega seu corpo mais do que qualquer prostituta, vadia, ninfomaníaca jamais experimentou. Você gosta, goza. Como se não bastasse a entrega física, você ainda se presta a bancar os pequenos luxos que seu vagabundo de estimação quer. Mesmo sem ter, dá de bom grado. Aprendeu muito com esse moleque vadio. Ele é o rap que você escuta. Mas, ao mesmo tempo, você desce as ruas da cidade. Transita pela boemia burguesa de bares, viagens e roupas de marca. Marca um happy hour  com os amigos

Diário #1

Volta e meia você cruza com meus pensamentos. Momentos bons, de risadas, mas também conversas sérias. Eu quase disse dolorosas, mas não, não foram assim.  Agora mesmo lembrei de uma das nossas conversas. Tive um diálogo imaginário onde você dizia que eu sumi. Ri sozinha desse diálogo pois ele nunca existiria. A) porque você me disse que nunca sente a falta de ninguém - o que eu não acredito, e é o que me leva ao segundo ponto - e B) você nunca assumiria que sentiu falta de alguém. Foi a segunda vez que você cruzou meus pensamentos hoje. Pensei hoje mais cedo no quão idiota e/ou quebrado alguém tem que ser pra ter a oportunidade de ter uma mulher como eu como companheira - aderindo a TODOS os seus requisitos e requisições - e fazer de tudo pra que ela vá embora.  No final eu percebo que o que senti por você foi amor sim. Foi. Hoje esse sentimento foi substituído por compaixão. Ou talvez pena. É, tenho pena de você. Mas assim como o outro inominável, algumas pessoas simplesmente não quer

Poetas, boêmios

 Já tive apenas poetas, e apenas boêmios, mas em você encontrei um poeta boêmio.  Sempre busquei pessoas românticas. Não no sentido daqueles que fazem grandes demonstrações de afeto. Encontrei na simplicidade das palavras algo que brilhava aos meus olhos. O que não percebi é que esse brilho ofuscava sem aquecer. Era como querer ler um romance, mas se ver munida apenas de um dicionário: palavras e palavras, com muitos significados, mas vazias de sentimento. O poeta mais sugava o meu sopro de musa do que me fazia oferendas e alimento. E assim me esvaziei. Então encontrei o boêmio. A sua vivacidade me preencheu e aqueceu de uma forma como eu nunca havia sentido antes. Me enchia de cultura, curiosidades e novas experiências. Mas como qualquer recipiente, um dia me enchi. O calor que me preenchia já não trazia conforto, mas eram brasas queimando as paredes do meu interior. O boêmio apenas enchia o copo, com o mesmo líquido todos os dias, e eu já não conseguia mais tomar. As brasas foram se