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[Textos Semanais] Estórias

Oi povo que lê o meu blog!
Como ando deixando o meu hábito de escrever muito de lado ultimamente, resolvi tomar uma atitude: me desafiei a escrever um texto de 500 palavras (no mínimo) por semana. Não tenho um dia exato para terminar, mas de um sábado a outro, em algum dia, eu tenho que ter escrito e postado uma história. Espero que os resultados sejam bons, e mesmo que não sejam, ao menos não deixo de escrever.
Aproveitem.

Estórias
Olho para as pessoas à minha volta e fico pensando, tentando imaginar quais são suas histórias. Ninguém sabe do mundo do outro, aliás duvido até que nós mesmos saibamos de nosso de verdade. Afinal a vida é questão de ponto de vista. O que soa feliz para uns, pode ser a ruína de outros. Não é preciso pensar muito para chegar nessa conclusão. Moro numa vila estudantil, então tenho muito tempo e muito material para brincar com a minha imaginação. Vejo pessoas novas todos os dias, com histórias novas. Ou invento novas histórias para pessoas velhas.

Olho pela janela e vejo um casal sorridente, sentado na grama e abraçados. Parecem estar felizes, mas o que poucos imaginam é que o que ela esconde por baixo das mangas compridas são as marcas da briga da noite anterior. Eles discutiram pois ela estava supostamente o traindo. Ele chegou a essa conclusão pois ela andava conversando com "homens demais" e isso não é coisa de mulher decente. A discussão passou dos limites das agressões verbais. Mas ela o perdoou. Não era a primeira vez que isso acontecia.

Passando ao lado deles vejo uma mulher com o olhar baixo, mas ainda tentando sorrir, de mãos dadas com seu filho de seis anos. Eles estão se dirigindo à escola e a mãe tem algo a dizer para o filho, mas não sabe como. Na semana passada o melhor amigo do seu filho faleceu, vítima de uma doença rara e silenciosa. Nesta manhã ele perguntou do colega e a mãe não soube como responder, dizendo apenas um "deve estar bem, em algum lugar". Ela daria a notícia mais tarde naquele dia. Tentaria inventar alguma história bonita, como ele virou um anjo e foi para o céu, mas estará sempre por perto para zelar por ele. O enterro será amanhã. Ela ainda pondera se deve levar o filho ou deixar esse tipo de experiência para quando ele fosse mais velho.

Me levanto da cama e vou à cozinha, onde encontro um dos meus colegas de apartamento. Começamos uma conversa trivial, perguntando sobre o dia, as aulas e tudo mais. Ele volta ao seu quarto e eu me sento no beiral da janela, pensando sobre o que seria da vida dele. Ele veio de uma cidade muito pequena, e agora está aqui nessa metrópole, tentando a vida de morar sozinho pela primeira vez. Os pais ainda enviam dinheiro para ele pois ainda não conseguiu nenhum trabalho que consiga conciliar com os estudos. Voltou a estudar espanhol, matéria que iniciou no ensino médio e pretende fazer um intercâmbio para a Espanha. Mas ele é tão quieto. Me pergunto como foi a infância dele. Se teve muitos amigos ou se foi aquela criança que preferia ficar em casa com seus livros. Imagino ele com poucos anos de idade, logo quando aprendemos a ler, sentadinho no chão de uma sala de aula, lendo seus livros infantis enquanto o resto da turma está bagunçando pelo lugar.

Volto para o meu quarto. Começo a pensar sobre a minha vida, imaginar o que foi e o que poderia ser. Suspiro fundo e escrevo esse texto.

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