Acordamos. Eu estava meio mal humorada, mas levantei mesmo assim. Você foi mexer na cama, eu fui fazer comida. Cada um nas suas tarefas, conversávamos.. Meu humor sutilmente melhora. Comida e cama prontas, é hora de comer. Enquanto comemos, mais conversas. Mas não coisas triviais como as conversas enquanto atarefados. Conversas que me faziam pensar e mergulhar mais em mim mesma. E qua tô mais eu mergulhava, menos eu enxergava, menos sabia, e isso te incomoda. É claro que incomoda.. Essa incerteza deve ser sufocante... Decidimos então por não mais nos relacionar. Você se arruma para o trabalho, eu, cansada de chorar, cochilei no colchão no chão. Te levo ao trabalho, conversamos mais um pouco.. Não me contenho e choro mais. Quase (quase mesmo?) te fiz chorar. Vi seus olhos se encherem d'água, mas nenhuma lágrima. Nos abraçamos e despedimos. Fui para a casa dos meus pais. Ao chegar, me vejo sozinha. Um alivio para meu coração apertado: não preciso fingir ou esconder estar bem, só eu estava lá. Desesperada de tanta angústia e choro, me deito e durmo por algumas horas. Minha cabeça está a milhão, pensamentos negativos e de culpa em sua maioria. Eu, como sempre, estraguei tudo. Choro desesperadamente, soluço, perco o ar. Quero morrer. Não pelo fim do relacionamento, mas por odiar quem eu sou, quem tenho sido. Eu nem sei mais quem sou...
A casa começa a receber seus moradores: é hora de colocar a máscara. Mesmo um tanto borrada de lágrimas, é melhor do que mostrar a verdade. Tenho impulsos de contar toda a verdade a todos, mas eles não vão entender. "É frescura, você consegue melhorar sozinha".
Meus pensamentos não saem de você. Posso parecer distraída com outras coisas, mas não aguento o nosso silêncio. Te mando mensagem no Whatsapp. Àquela hora você já tinha saído do trabalho e provavelmente chegado em casa, mas os sinaiszinhos de mensagem recebida não chegaram a aparecer. Espero mais um pouco. Olho de novo. Nada. Mando um SMS, preocupada, querendo saber de você. Que ideia estúpida a minha de querer cortar relações com você.. Isso já se mostrou absolutamente ineficaz. Você me responde prontamente, me dizendo que estava no aniversário de um amigo - é verdade, havia me esquecido. Desejo uma boa noite de diversão e volto a tentar me distrair.
Mas não consigo. Mesmo sabendo que você não vai receber as mensagens tão cedo, continuava checando o Whatsapp, na esperança de uma mudança no status das mensagens. Nada, como esperado.
O filme que assistia com meus irmãos acaba - aliás é um dos seus filmes favoritos: Tomorrowland. E agora entendo o porquê - e todos se recolhem pra dormir. Essa era minha intenção também, mas não consigo. Checo mais uma vez às mensagens (mais de uma vez) e quero mandar muitas outras, mas não devo. Tento dormir e o sono não vem. Tomo calmante e o sono não vem. Checo as mensagens. Nada.
Agora esou aqui, escrevendo esse texto. Tentando entender e aceitar tudo o que aconteceu hoje.
E acho engraçado (e bom) que dessa vez a paranóia não bateu. Ela está tentando se aproximar e se apossar dos meus pensamentos, mas não consegue.
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